Antônio Albino Canelas Rubim
A Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) traz, este mês, um bate-papo com o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, pesquisador e idealizador da Coleção CULT, Antônio Albino Canelas Rubim. Tratamos nesta entrevista sobre a disponibilização de obras gratuitamente no Repositório Institucional da Universidade Federal da Bahia, suas pesquisas no âmbito cultural, o curso Comunicação Social com habilitação em Produção em Comunicação e Cultura da UFBA e seus futuros projetos.
Confira na íntegra:
Lara Bastos e Daniele Marques
05/11/2013
1- A Coleção CULT, idealizada pelo senhor, já conta com várias publicações e está disponível para download no Repositório Institucional da UFBA. Como o acesso aberto a estas obras repercutiu no campo de pesquisa da Cultura?
A Coleção CULT hoje já conta com aproximadamente 14 títulos. Creio que ela é uma coleção de referência para os estudos de cultura e de políticas culturais. Penso que sua disponibilização no Repositório Institucional da UFBA colabora ainda mais para a difusão e consolidação da Coleção. Isto garante este lugar privilegiado que a Coleção ocupa no cenário nacional, inclusive com repercussões internacionais.
2- Quais temas ou questões acredita que ainda precisam ser investigadas no que tange às políticas públicas para Cultura? O senhor tem algum novo projeto de pesquisa em andamento?
Os estudos de políticas culturais são recentes no mundo e mais ainda no Brasil. Deste modo, existe uma infinidade de temas a serem investigados. Por exemplo, para tomar apenas as políticas culturais nacionais do Brasil: o período 1945-1964, os anos 1985-1994, as relações entre políticas culturais nacionais e internacionais ou entre políticas culturais nacionais e estaduais, dentre muitos outros possíveis. As temáticas que necessitam de estudos são muitíssimas. Atualmente continuo com minha pesquisa sobre as políticas culturais do Governo Lula. Tema fascinante e desafiador devido a qualidade e a amplitude das políticas culturais desenvolvida por inspiração de Gilberto Gil.
3- O curso Comunicação social com habilitação em Produção em Comunicação e Cultura da UFBA já tem 17 anos de criado. Que influência os profissionais formados pela FACOM-UFBA vêm exercendo no cenário cultural de Salvador?
A Bahia é hoje um estado privilegiado, pois já dispõe de diversos cursos de formação em cultura na UFBA e em outras instituições. Mas, apesar disto, temos uma política na Secretaria Estadual de Cultura de incentivar a criação de novos cursos de graduação e pós-graduação buscando tornar a Bahia um lugar de referência nos estudos da cultura no Brasil e no mundo, como já é na criação cultural. Sem dúvida, a presença de profissionais bem formados, como os de Produção Cultural e os de Políticas e Gestão da Cultura, oriundos do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos da UFBA, têm colaborado muito para qualificar a política, a gestão e a produção cultural na Bahia e, por consequência, ajudado a cena cultural da Bahia e se organizar e desenvolver. A política da Secretaria na área de formação, que decorre das reivindicações continuadas das conferências de cultura que realizamos a cada dois anos, tem possibilitado grandes avanços com a criação do Programa e da Rede de Formação e Qualificação em Cultura; os editais voltados para a formação; a criação do Centro de Formação em Artes e muitos cursos oferecidos pela Secretaria na capital e no interior. A formação e a qualificação de profissionais em cultura fazem uma diferença notável para a cena cultural da Bahia.
4- Enquanto pesquisador da área e autor/organizador de livros universitários, como o senhor enxerga as politicas públicas para produção literária acadêmica?
Penso que o Brasil tem qualificadas políticas de estímulo à pesquisa, que fundamenta a produção de literatura acadêmica. Mas as políticas de divulgação de textos acadêmicos não têm estado em sintonia com esta ênfase na investigação. É preciso construir políticas de difusão e divulgação mais consistentes e amplas, pois um dever essencial da academia é ter uma relação mais vigorosa com a sociedade, que mantém as instituições públicas, maiores centros de pesquisa do Brasil e da Bahia. A difusão e a divulgação do conhecimento produzido são, por conseguinte, deveres vitais das instituições acadêmicas. Neste sentido, o Repositório Institucional da UFBA é um excelente exemplo.
5- Recentemente Juca Ferreira e Gilberto Gil lançaram o livro Cultura pela palavra, no qual falam sobre suas experiências à frente do Ministério da Cultura. O senhor pensa em publicar algo sobre o seu período como Secretário de Cultura do Estado da Bahia?
Tenho buscado na Secretaria Estadual de Cultura conciliar as muitas demandas e exigências do trabalho cotidiano com a reflexão sobre este trabalho desafiador. Pretendo fazer desta experiência, que tem sido muito interessante e enriquecedora, também um lugar para reflexão sobre as políticas culturais. Tenho tentado, dentro das minhas possibilidades de tempo, escrever sobre as atividades que estamos realizando, ainda que em textos rápidos. Um estudioso das políticas culturais não pode se comportar de outro modo. Pretendo depois fazer estudos mais sistemáticos e de maior envergadura sobre esta experiência.
6- Deixe uma mensagem para os leitores da EDUFBA.
Uma mensagem para os leitores e profissionais da EDUFBA. Penso que a EDUFBA tem prestado um serviço muito relevante à cultura da Bahia, em especial acadêmica. A publicação e a disponibilização de estudos sobre a cultura tem sido essencial para a consolidação da Bahia como lugar de referência na cultura brasileira. Penso que os leitores da EDUFBA têm tido o privilégio de poder ter a sua disposição um conjunto significativo de estudos em cultura. Que todos vocês leiam e atuem cada vez mais no campo da cultura. Ele precisa de gente preparada, qualificada e criativa. Deste modo, estaremos desenvolvendo cada vez mais a cultura da Bahia e do Brasil e a colocando em um lugar de destaque neste mundo glocalizado.