Das botijas da civilização: uma etnografia com a Fundação Casa Grande
Durante dois meses, um pesquisador visita a Fundação Casa Grande – Memorial do Homem Kariri. Espreita os alicerces de uma fundação inspirada no mito, e vislumbra, sob o véu organizacional, o encante recobrindo a “função social”. Em sua aventura, encontra uma botija: uma organização da sociedade civil fincada em artifício de lenda, encruzada entre sagrado e profano. Ao imergir no cotidiano de uma organização não governamental no Nordeste brasileiro, o pesquisador desvia o olhar para nós próprios através do espelho contemporâneo da ancestralidade. Em escrita fragmentária, o autor compõe com a poética do trabalho de campo um duplo. Sem esconder as agruras de um método que se faz no transcurso da experiência, inclui o errático e a decepção na pesquisa como ato de invenção, abrindo as cortinas para a coxia do trabalho de pesquisador.