Em um universo em que as reflexões, inclusive as acadêmicas, são particularmente contaminadas pela inserção de seus agentes nos jogos de poder, Paulo nos traz uma riquíssima contribuição.O livro analisa os movimentos que forjaram as posições e as regras do cenário atual da capoeira, demonstrando sobretudo como, no fundo, as hegemonias no campo cultural são frágeis. Afinal, nada como alguém nos lembrar, de quando em vez, que não há uma tradição originária, de onde tudo que se faz em um campo da cultura surge como mero desdobramento. Antes, temos que falar em tradições e, sobretudo, releituras orientadas por densas-e dinâmicas - relações de poder. Paulo adentra o universo da capoeiragem baiana e vai fundo. Busca a formação das matrizes dos diversos discursos que foram se articulando ao longo do século XX e nos mostra, antes de mais nada, que na capoeira, como em todo o movimento da cultura, é essencial compreender a historicidade e as diversas perspectivas em disputa. – Luiz Renato Vieira, Mestre de Capoeira e Doutor em Sociologia da Cultura