O décimo segundo episódio do podcast Diálogos celebrou o Dia internacional da mulher negra, latino-americana e caribenha, ou Dia Nacional de Tereza de Benguela, comemorado no dia 25 de Julho, com o episódio "Pretas em Praça Pública". O programa recebeu a Crislane Rosa, mestre e doutora em Geografia pela UFBA que publicou em 2024 pela Edufba "Beije sua preta em praça pública": da apropriação do corpo, à apropriação do espaço e Samira Soares, coordenadora do MNU Bahia, doutoranda em literatura e cultura,  influenciadora digital e idealizadora do projeto Narrativas Negras.

No episódio, as convidadas estendem a discussão proposta por Rosa em seu livro, que parte da famosa estrofe de abertura do poema Bandeira, escrito pelo poeta Lande Onawale, "Reaja à violência racial. Beije sua preta em praça pública”, para questionar: quem pode, afinal, beijar sua preta em praça pública? As praças são mesmo feitas pensando na presença de mulheres negras?  A frase, capa do Jornal do MNU em 1991, manteve sua popularidade ao longo das décadas como um lema dos movimentos negros e é ponto de partida para uma conversa sobre os movimentos sociais e obstáculos que estão entre mulheres negras e o direito a ocupar espaços públicos, sejam estes virtuais ou físicos.

As convidadas abordam durante o bate-papo questões como a importância de abordar território e direito ao espaço público ao debater raça e gênero (e vice-versa) e a diversidade de movimentos de auto-organizados de mulheres negras. O episódio aborda ainda formas digitais de disseminar conhecimento e construir ativismo, experiência que as duas desenvolvem em seus perfis Lab Rachadura e Narrativas Negras no Instagram. O Lab Rachadura, fundado por Crislane, é um laboratório digital que estuda as imbricações racismo-sexismo-capitalismo com reflexões que colocam em diálogo referências da academia e artistas "pop" negras. O Narrativas Negras, por sua vez, é um projeto que concentra conteúdos sobre militância, livros e literatura, estilo de vida e beleza.

"Beije sua preta em praça pública": da apropriação do corpo, à apropriação do espaço investiga o que as práticas de uso e apropriação de duas praças em Salvador (Bahia) dizem de uma sociedade. Como elas podem nos ajudar a revelar a dimensão espacial das relações sociais e de hierarquizações que se dão no cotidiano de uma metrópole? O livro é revelador das profundas desigualdades que se manifestam no dia a dia da metrópole soteropolitana, a partir de um olhar, a um só tempo crítico e sensível, sobre dois espaços de uso coletivo, localizados em dois bairros com perfis socioeconômicos bem distintos. A autora quer demonstrar que as relações de sexo, raça e classe estão imbricadas na reprodução das relações sociais de produção e que as práticas de uso e apropriação nas praças analisadas revelam a espacialidade dessas relações.

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