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Antônio Albino Canelas Rubim

Antônio Albino Canelas Rubim é atualmente professor titular da Universidade Federal da Bahia, atuando como docente do Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade e do Programa de Artes Cênicas, ambos da UFBA. Autor de diversos livros, é um dos mais proeminentes autores da EDUFBA, a frente de livros da Coleção Cult, além de outras obras, como "Marxismo, Cultura e Intelectuais no Brasil". Nessa entrevista, de forma direta, ele fala da sua trajetória, do seus trabalhos e opina sobre importantes questões relacionadas a cultura no país. A EDUFBA agradece o comprometimento desse grande autor que, de forma muito solícita, nos concedeu essa preciosa entrevista.

Por Vagner Campos

EDUFBA - Fale um pouco da sua passagem na graduação e de quando você começou a atuar no quadro docente da UFBA. Albino Rubim - Sou formado em Medicina e em Jornalismo. Mas fundamentalmente tenho minha vida dedicada à Universidade, como professor e pesquisador do CNPq. Entrei na UFBA, na verdade, através do Colégio de Aplicação, portanto antes mesmo de fazer vestibular. O Colégio era mantido pela UFBA e foi um lugar de excelente formação. Em 1976, logo depois de formado em Jornalismo (1975), foi convidado para ensinar Cinema. Depois passei à Teoria da Comunicação, Comunicação e Política e mais recentemente aos Estudos da Cultura e das Políticas Culturais. Também deixei a Faculdade de Comunicação, da qual fui diretor três vezes, para ir dirigir, em 2008, a implantação do Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos. Eis um quadro bem sintético de minha inserção na UFBA. EDUFBA - Que momentos de sua vida você destacaria na trajetória que fez de você uma das autoridades em estudos sobre cultura? Albino Rubim - Cultura é fundamental para se pensar em Universidade e em formação superior. Sempre tive um interesse muito especial por temas culturais. Sempre fui muito atento à história, cinema, literatura, música, pintura e aos movimentos culturais. O Colégio de Aplicação foi importante nesta trajetória. Um primo meu, Clodoaldo Lobo, teve uma influência importante nas minhas leituras. Diversos professores também. Lembro de Ubirajara Rebouças, amigo e professor de Filosofia. Certamente os movimentos político-culturais da luta pela democratização do país foram vitais para minha formação cultural. Neles política e cultura estiveram bastante articulados. EDUFBA - Quem são as suas principais referências acadêmicas? Albino Rubim - Penso que o marxismo ocidental, em especial Gramsci; a Teoria Crítica e os Estudos da Cultura têm um lugar relevante na minha formação acadêmica. Por certo, alguns autores brasileiros também foram boas referências. Penso em Gabriel Cohn, Carlos Nelson Coutinho, Chico de Oliveira e outros. EDUFBA - Entre os livros que você foi autor, ou organizou, algum merece um destaque especial? Por quê? Albino Rubim - Destaco, de minha autoria, os livros sobre "Comunicação e Política" e "Marxismo, Cultura e Intelectuais no Brasil". Dos livros que organizei sozinho penso em "Comunicação e Política: Conceitos e Abordagens", além de dois livros que organizei com colegas: "Políticas Culturais no Brasil", com Alexandre Barbalho, e "Políticas Culturais na Ibero-América", com Rubens Bayardo. Todos estes livros tiveram boa repercussão acadêmica e social nas áreas de comunicação e política e em cultura e política. EDUFBA - Seu novo livro, “Políticas culturais no governo Lula”, traz uma análise sobre os períodos em que Gilberto Gil e Juca Ferreira estiveram à frente do Ministério da Cultura. Em sua opinião, quais as principais contribuições deste período para o fomento da cultura no país e qual a relação deste período com os anos anteriores? Albino Rubim - A principal contribuição dos baianos Gilberto Gil e Juca Ferreira à frente do Ministério da Cultura foi praticamente inaugurar este Ministério, pois apesar dele ter sido fundado em 1985, ele teve uma vida muito prejudicada, para lembrar uma expressão cara à Adorno, dado que sofreu muito nos governos: Sarney, Collor, Itamar e FHC. Só agora podemos falar em políticas culturais nacionais que sejam efetivas, democráticas e possam ter alguma estabilidade. Assim, o papel deles é mesmo fundador de uma nova tradição no campo da cultura e das políticas culturais no país. Isto não quer dizer que não tenha havido problemas e falhas, como, aliás, está sempre assinalado no livro. Mas o saldo é altamente positivo. Podemos afirmar que hoje estamos em outro patamar nesta área. No entanto, ainda precisamos de muitos avanços. EDUFBA - O livro “Políticas culturais para as cidades” é fruto do “IV Ciclo de debates em políticas culturais”, que aconteceu, entre outros, no contexto da aprovação do PDDU, em Salvador. Quais os benefícios e os prejuízos, em sua opinião, desse plano de desenvolvimento para a produção cultural na cidade? Albino Rubim - A história da relação entre o Estado municipal e a cultura em Salvador é trágica. Recentemente orientei um trabalho que fazia uma análise comparativa entre Salvador e Recife. É algo inacreditável o descaso dos prefeitos de Salvador com a cultura, com muito raras exceções. Assim, discutir o tema das relações entre cultura e cidade é hoje essencial inclusive porque no mundo contemporâneo as cidades passaram a ter um protagonismo importante no campo da cultura. Pena que Salvador esteja excluída disto. É preciso um grande e amplo movimento para salvar Salvador.

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