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Isaias de Carvalho Santos Neto

Em outubro, o Espaço do Autor EDUFBA se antecipa ao evento de lançamento (que só acontece no final do mês, dentro do projeto Conversas Plugadas), para apresentar o livro Memória urbana, de Isaias de Carvalho Santos Neto. Nesta obra, o autor, que é arquiteto e professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, reúne textos que funcionam como um registro de sua memória sobre a primeira capital do Brasil. Confira, a seguir, entrevista sobre o projeto de concepção da obra e saiba o que esperar deste lançamento EDUFBA. Para mais informações sobre o evento de lançamento, clique aqui.

 Por Laryne Nascimento 01/10/2012

1 – Conte-nos um pouco sobre sua trajetória acadêmica e sobre seus projetos atuais. Sou arquiteto, graduado pela Faculdade de Arquitetura da UFBA, onde lecionei por 20 anos. Mestre em Ciências Sociais pela FFCH da UFBA e Doutor em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/USP. Tive também experiência docente por quase dez anos na Escola de Administração da UFBA. Sou professor aposentado e o meu projeto atual é a publicação deste livro. Tenho outros interesses em vista, mas o tempo dirá sobre eles. 2 – De onde surgiu a ideia de escrever o livro Memória urbana e quanto tempo levou sua concepção e realização? Foram muitas as influências: há pouca coisa publicada sobre a cidade do Salvador na segunda metade do século passado. Pensei também em publicar de forma romanceada, fugindo do padrão de tese ou dissertação, de modo a tornar a sua leitura mais agradável. Sei que as interpretações pessoais são mais originais e, se não se tornarem públicas, desaparecem junto com o autor. A realização levou dois anos e meio. 3 – O livro Memória urbana é resultado de sua observação da cidade de Salvador. Como foi o processo de reunião das informações que estão contidas nesta obra? O livro é resultado de um processo pessoal, mas não inteiramente meu, porque devo dar crédito às muitas conversas em sala de aula, diante de alunos e professores com os quais pude apresentar e debater muitas das ideias que estão no livro. Além disso, as informações e documentos obtidos com a família são parte integrante. O único critério para junção de tantas fontes é grosseiramente a cronologia que faz o percurso entre o início do século XX e os anos 70. 4 – Por que optou pelo uso da linguagem em primeira pessoa para a construção desta obra? Eu sou um narrador da cidade que existia antes do meu nascimento e que conheci parcialmente por intermédio de jornais, livros, revistas e conversas em família. Somente poderia escrever assim. Para usar a terceira pessoa, seria repetir o que já foi escrito. Ademais, a condição de narrador permite que eu possa intercalar comentários. Para a cidade que conheço, continuo escrevendo na primeira pessoa, na condição de observador, para dar coerência ao texto e para manter a possibilidade de comentários adicionais. 5 – Se pudesse destacar um aspecto de cada uma das décadas presentes neste livro, quais seriam as principais lembranças? Falar de todas as décadas estudadas seria cansativo. Destaco: os anos 20 e 30, com as primeiras intervenções em busca de um esboço de reforma urbana, e os anos 40 com o EPUCS. Este e os anos 50 se mostram divisor de água, com os seguintes tópicos: 1) o desfile dos 400 anos da cidade; 2) a prefeitura torna-se autônoma em relação ao governo estadual; 3) a Universidade da Bahia é fundada e ajuda a promover uma revolução cultural. É nesse ponto que está a nossa modernidade e não, como se faz pensar, nos anos 60 e 70, que produziram resultados opostos. 6 – Quais as maiores diferenças que você percebe na Salvador de hoje e na Salvador de Memória urbana? A Salvador de hoje está também no livro, vista de forma crítica. Não se trata de revelar diferenças, trata-se de ver o que há hoje como um equívoco cujo resultado é outra cidade, outra estrutura, outra dinâmica. 7 – Deixe uma mensagem para os leitores da EDUFBA. Espero que os leitores vejam o livro como uma das muitas possibilidades de se entender a crise pela qual passa a nossa cidade. Nem pior nem melhor que outras formas de interpretação, talvez apenas diferente por conta da minha biografia e da minha experiência docente.

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