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Félix Diaz

No mês de março, período de volta às aulas, o Espaço do Autor apresenta uma entrevista com Félix Díaz, do livro O processo de aprendizagem e seus transtornos, publicado pela EDUFBA em 2011. Neste bate-papo, falamos sobre alguns temas discutidos nesta obra, a trajetória acadêmica do autor e algumas das atividades que realiza. Formado em Psicologia pela Universidad de La Habana, Félix Díaz possui mestrado em Educação Especial pelo Centro de Referencia Latinoamericano para La Educación Especial e doutorado em Ciências Pedagógicas pela Universidade Pedagógica Enrique José Varona. Com vasto currículo acadêmico, é professor adjunto da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (FACED-UFBA) e membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Inclusiva e Necessidades Especiais (GEINE). Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.

Por Lorena Reis 01/03/2011

1 – A maior parte da sua trajetória acadêmica se deu em Cuba. Em que momento decidiu vir para o Brasil? Por quê? A partir de 1999, a universidade onde fui docente desenvolveu um mestrado em educação especial através do Centro Latino Americano de Educação Especial (CELAEE) em convênio com as universidades de Feira de Santana (UEFS) e de Fortaleza (UECE). Na época, além de ser professor de algumas disciplinas e coordenador pela parte cubana deste curso, conheci a minha atual esposa, nesse tempo aluna do mestrado. Casamos em Cuba em fevereiro de 2001, decidindo morar no Brasil, país ao qual cheguei em dezembro do mesmo ano.   2 – Em 1976, você fez especialização em clínica educacional. De onde surgiu o interesse em pesquisar sobre educação especial? Graduado como psicólogo, comecei a trabalhar como professor na Universidade Pedagógica da Havana, na Faculdade de Pedagogia e Psicologia, em disciplinas de Psicologia (geral, evolutiva, aprendizagem, clinica etc.) e, posteriormente, fui docente fundador da Faculdade de Defectologia (educação especial), onde comecei a me vincular diretamente com a educação especial através de disciplinas da área (psicopatologia, psicoterapia, transtornos comportamentais, alterações de aprendizagem, deficiência mental etc.). Formando professores psicopedagogos para esta área. Depois, integrei a equipe multidisciplinar de avaliação e diagnóstico do Centro Latinoamericano de Educação Especial (CELAEE) na área clínica, trabalhando diretamente com crianças deficientes. Neste centro, também fui professor de cursos de especialização, mestrado e doutorado.   3 – Você é membro do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Inclusiva e Necessidades Especiais (GEINE/ FACED/ UFBA). Pode falar um pouco sobre o trabalho desenvolvido neste grupo? Este grupo, que pode ser considerado de referencia na área, inscrito na Faculdade de Educação da UFBA (FACED) e dirigido desde sua fundação pela professora Teresinha Miranda, desenvolve diferentes e importantes pesquisas na área, além de constituir um grupo de estudo e discusão com reuniões quinzenais, nas quais participam professores e especialistas da área de numerosas instituições, assim como alunos da própria faculdade, mantendo vínculos ativos com outros grupos semelhantes de outras instituições (UNEB, UEFS etc.). O GEINE já organizou três edições do Congresso Baiano de Educação Inclusiva, em 2007, 2009 e 2011, e tem 2 livros publicados pela EDUFBA. O GEINE é um grupo aberto, assim, quem tiver interesse de participar pode se incorporar às suas atividades.   4 – No livro O processo de aprendizagem e seus transtornos, você discute o processo de aprendizagem através de uma perspectiva baseada em experiências particulares. Quais as principais diferenças entre o aprendizado individual e coletivo do sujeito? Qualquer pessoa aprende sozinha e/ ou com ajuda de outra e o aprendiz deficiente não esta isento dessa capacidade que, nesse caso, estará particularizada pelas suas limitações e potencialidades. Não se pode considerar que um tipo de aprendizagem, individual ou coletiva, seja mais importante que outro: depende das situações de aprendizagem e das características pessoais e grupais do aluno. Assim, em alguns casos, será mais eficiente um tipo, enquanto, em outra situação, será mais efetivo o outro tipo. Além de que, o aprendizado que pode ser melhor para uma criança pode não ser para outra. Esta dialética deve ser estudada, pesquisada e considerada pelo professor e/ou especialista para desenvolver uma aprendizagem de qualidade tanto em deficientes quanto em não deficientes.   5 – No decorrer do livro, você explica o processo de internalização. Poderia falar um pouco sobre este conceito? Quando se estuda o processo de aprendizagem, fica fácil evidenciar comportamentalmente (daí sua relativa facilidade para poder fazer descobertas) “os extremos” de tal fenômeno: 1) o enfrentamento do aprendiz à informação externa ou interna que motiva a busca pelas soluções correspondentes (a etapa da situação de aprendizagem) e, finalmente, 2) os resultados do processo, ou seja, o aprendido, eficientemente ou não eficientemente ou não aprendido mesmo (etapa do aprendizado). Porém, essa informação inicial é transformada pelo aprendiz a partir de sua própria experiência (outros aprendizados, outras informações, outras vivências etc.) e segundo suas características individuais (biopsíquicas) e grupais (culturais e sociais), assim como das condições específicas em que se está produzindo essa aprendizagem. Tal transformação constitui a etapa de internalização (bem destacada por Vygotsky e seus seguidores) e que posteriormente constituirá o aprendizado que poderá ser aplicado imediatamente para solucionar alguma tarefa ou bem poderá ser memorizado para sua futura aplicação. É fundamental que os especialistas e professores conheçam como “internaliza” o aluno, isto é, qual é sua estratégia de internalização (permanente ou ocasional) para estimular sua qualificação quando é correta ou contribuir a sua modificação quando é errada. Considerando sempre que o aluno aprende por si mesmo, porém podemos ajudar ele a ser um aprendiz mais eficiente mediando adequadamente sua aprendizagem.   6 – Quais os planos para 2012? Alguma publicação em vista? Gosto de escrever minhas experiências e apresentar minhas ideias baseadas na minha prática profissional. Por isso, já tenho vários títulos na cabeça e alguns rascunhos no computador, porém, os planos profissionais para 2012 serão diversos e isso complicará meu desempenho e haverá de implicar um grande esforço da minha parte, assim que tempo não vai me sobrar; embora, sempre que possa, pegarei a pena digital para construir prazerosamente um produto individual que modestamente possa contribuir ao desenvolvimento do conhecimento social.   7 – Deixe uma mensagem para os leitores da EDUFBA. A EDUFBA cumpre com eficiência e qualidade seu objetivo social assegurando informação aos diferentes setores populacionais. Como autor, conheci essa organizada e fabulosa maquinária operada por pessoas capacitadas, serviciais e responsáveis com as quais gostaria de tentar outra experiencia editorial. Como leitor de várias de suas publicações, sempre encontrei, quando não orientações certeiras, a motivação para buscar explicações às provocações suscitadas.  Acredito que estes critérios são compartilhados por muitos dos leitores da EDUFBA. Parabéns, EDUFBA!

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