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Paulo Fernando de Almeida Souza

Edufba: É um prazer tê-lo em nosso Diálogos! Conte um pouco sobre a sua trajetória pessoal, profissional e acadêmica.
 
Paulo Souza: Sou Paulo Souza, designer e educador. Minha atuação na área se deu por meio da participação em escritórios de projetos e consultorias para empresas e também na carreira acadêmica. Minha formação é em design industrial, com especialização em design orientado ao ambiente (Alemanha), sou mestre em Desenvolvimento Sustentável (Universidade de Brasília) e doutor em Arquitetura e Urbanismo (Universidade de São Paulo). Inicialmente, atuei enquanto professor na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), no curso de graduação em Design e, desde 2008, atuo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), na graduação em design e também na pós-graduação. Meus interesses de pesquisa estão focados em educação e design para sustentabilidade e inovação social.
 
 
Edufba: O seu livro “Design para inovação social: perspectivas metodológicas e casos relevantes” destaca a importância da aplicação de metodologias de design para se realizar inovações sociais. Explique brevemente o tema para que seus leitores e leitoras tenham uma ideia do conteúdo da sua obra.
 
PS: Trata-se de um campo de estudo ainda em construção, com pouca literatura em língua portuguesa, para além de uma grande lacuna de exemplos que possam inspirar os(as) designers a buscarem soluções de projetos para além dos interesses do mercado, para além do foco no uso e consumo dos produtos e serviços, direcionando seu olhar para os processos que envolvem melhoria de qualidade de vida, acesso ao bem-estar e mudanças de perspectivas de vida em sociedade, o que envolve necessariamente uma mudança de orientação metodológica. Nesse sentido, o livro se propõe a iniciar um diálogo com os colegas de projeto, trazendo exemplos de casos que consideramos relevantes para uma inspiração que permita o desenvolvimento desse olhar para outras respostas que envolvam aspectos para além dos interesses do consumidor, considerando-se fundamentalmente os valores que elevam as pessoas em seu acesso à cidadania, bem como a construção de um modelo civilizatório mais sustentável e socialmente responsável.
 
 
Edufba: Um dos destaques do livro é o fato de incluir trabalhos de universidades brasileiras e estrangeiras abordando essa temática. Como foi o seu processo de seleção de textos e quais os desafios enfrentados durante o seu desenvolvimento?
 
PS: Os capítulos apresentam trabalhos de colegas que estão fortemente engajados(as) nesta proposta de atuação com foco em bem-estar e melhoria de qualidade de vida, tendo o design como uma estratégia prioritária de construção de soluções projetuais. São professores(as) e pesquisadores(as) que fazem parte de uma rede de instituições já consagradas no campo do design para sustentabilidade e também focadas em processos de inovação social de forma mais ampla. Fizemos convites para diversos colegas designers e pesquisadores(as) para que nos enviassem suas realizações nesse campo e tivemos bons exemplos que foram compilados nesse livro. Creio que temos aqui um marco importante para fortalecer o campo da inovação social mediada pelo design e também um roteiro interessante de metodologias que possam ser inspiradoras de novos estudos e soluções em contextos locais e regionais.
 
 
Edufba: Diante de uma temática tão relevante e atual, podemos já reconhecer na Bahia exemplos consistentes desse design realizado para inovação social?
 
PS: Temos, em nosso contexto, algumas iniciativas importantes no campo da inovação social, que envolvem, por exemplo, o acesso à cultura, o fortalecimento dos valores locais, a geração de renda, ações de educação e projetos com foco em melhoria de qualidade de vida, entre outros. Porém, ainda carecemos de mais especificidade de atuação por parte dos projetistas, designers e também de outras áreas, diante do potencial do design enquanto estratégia colaborativa para o fortalecimento das ações de inovação social propriamente ditas.
 
 
Edufba: Atualmente, aumentou a busca por cursos específicos de design ou que abordam a experiência do usuário, devido à maior demanda por esses profissionais. Na sua opinião, o fato de esse tipo de qualificação hoje agregar mais valor ao(à) designer significa que o mercado já está sabendo aliar as inovações tecnológicas à responsabilidade social ou é apenas o reflexo da disputa por fidelizar o(a) consumidor(a) a um produto?
 
PS: Ainda é uma realidade a ser construída. A responsabilização das empresas diante de suas ações perante o ambiente e a sociedade tem sido alvo de certificações relevantes, a exemplo das ações de ESG (Environmental Social Governance). As percepções do(a) consumidor(a) diante de iniciativas sustentáveis e socialmente responsáveis ainda carecem de orientações e comunicações por parte das empresas, de políticas públicas, de ações da academia e, também, por parte da sociedade civil organizada.
 
 
Edufba: Finalizando a nossa entrevista, que mensagem você gostaria de deixar para seus leitores e leitoras?
 
PS: Acredito que a proposta do livro consolida um interesse coletivo dos(as) designers e também de pesquisadores(as) da área em construir exemplos e marcar novos modelos de projetos que possibilitem melhoria de qualidade de vida e bem-estar, para além dos interesses unicamente associados aos lucros e perspectivas do mercado. Esperamos inspirar designers e projetistas a atuarem em projetos transformadores e socialmente inovadores, tomando por base o design como ferramenta estratégica.

Design para inovação social: perspectivas metodológicas e casos relevantes = Design for social innovation: methodological perspectives and relevant cases

O design para a inovação social tem sido apresentado como um campo de atuação com diversas abordagens processuais e entendimentos metodológicos. No entanto, ele carece de mais exemplos e de maior detalhamento de ações capazes de motivar novos projetos e aplicações, com vistas a alcançar respostas de design com foco em melhoria de bem-estar e qualidade de vida. A proposta desse livro é marcar o campo do design para inovação social e ampliar o repertório de projetos por meio de uma base sólida de referências e exemplos de atuação consciente, responsável e socialmente inovadora para designers, projetistas e decisores, na perspectiva de contribuição para novos estudos e novas redes de conhecimento. O livro traz trabalhos de universidades brasileiras e estrangeiras, com textos em português, inglês e italiano.

 

Inglês 
 
Design for social innovation has been presented as a field of study with several procedural approaches and methodological understandings, lacking more examples and detailing of actions capable of motivating new projects and applications, in search for achieving design responses focused on improving well-being and quality of life. The purpose of this book is to mark the field of design for social innovation and expand the repertoire of projects, through a solid base of references and examples of conscious, responsible, and socially innovative action for designers, project developers, and decision-makers, from the perspective of contributing to new studies and new knowledge networks. The book features works from Brazilian and foreign universities, with texts in Portuguese, English and Italian.
 

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