Luana Lima
Edufba: É um prazer tê-la conosco na nossa seção Diálogos. Fale um pouco sobre a sua vida e trajetórias acadêmica e profissional.
Luana Lima: O prazer é todo meu! Eu sou Luana Lima, soteropolitana, psicóloga e bacharel interdisciplinar em humanidades, duplamente graduada pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). A minha atuação se dividiu, desde a graduação, em dois grandes caminhos: na pesquisa e na clínica. Primeiramente, em projetos de iniciação científica e experiências de estágio – paralelamente com pacientes com dor crônica (fibromialgia) no ambulatório do Hospital das Clínicas e, no Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (NEPS - CIAVE), um dos poucos serviços públicos especializados no Brasil. Ainda como estudante de psicologia, iniciei a minha formação clínico-política em psicanálise no Campo Psicanalítico. Me formei e segui na clínica em Salvador, até sair para o mestrado em Brasília em 2016, onde estudei no Programa de Pós-graduação em Bioética da Universidade de Brasília (UnB) – lá me inseri como partícipe do “Observatório de Bioética e Direitos Humanos dos Pacientes” e desenvolvi a minha dissertação sob a orientação do Professor Doutor e filósofo Wanderson Flor do Nascimento a respeito da influência da moralidade dos profissionais de saúde na qualidade do atendimento prestado aos tentantes. A dissertação, composta por entrevistas com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem, foi atualizada e publicada como livro no ano de 2020, intitulado “Deverei velar pelo Outro? Suicídio, estigma e economia dos cuidados”. Essa pesquisa expandiu a possibilidade de intervenção institucional, especialmente no que tange à sensibilização e capacitação com profissionais da saúde e educação sobre prevenção do suicídio – trabalho que realizo desde que finalizei a graduação. Com sorte entrei no doutorado com o mesmo orientador em 2019, com intuito de estudar o fenômeno do suicídio na universidade, projeto que precisou ser adaptado em função da pandemia, tornando-se uma pesquisa teórica sobre suicídio, bioética e neoliberalismo; defendida em fevereiro desse ano. Ainda em 2019, coordenei um projeto de extensão acerca da temática na Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, me inseri como professora colaboradora da graduação de Saúde Coletiva, também da UnB, onde permaneci por três anos. A partir dessa experiência entendi que, para além do encontro com a psicologia, afirmara o meu desejo e compromisso com a docência, sobretudo com a educação pública superior. No último ano participei de alguns projetos, com destaque à coordenação acadêmica do "Curso de Aperfeiçoamento em Saúde Mental e Atenção Psicossocial de Adolescentes e Jovens" – uma realização da Unicef com a Fiocruz de Mato Grosso do Sul e, produções acadêmicas, com ênfase no lançamento do livro “(Re)pensando o suicídio: subjetividades, interseccionalidade e saberes pluriepistêmicos”, que tive a honra de organizar com Paulo Navasconi, escrever com um coletivo múltiplo, bonito e muito comprometido, em parceria com a EdUFBA.
Edufba: Quais são os principais tópicos abordados em sua coletânea "(Re)pensando o suicídio: subjetividades, interseccionalidade e saberes pluriepistêmicos"? Por que você escolheu esses tópicos e como eles contribuem para o campo da Suicidologia?
LL: O livro é alicerçado em três eixos: 1) Leituras críticas à colonialidade e epistemologias contra-hegemônicas; 2) Interseccionalidade e populações vulnerabilizadas; 3) Formação, espaços e práticas profissionais. Nilson Netto, Bruno Carvalho e Mitsuko Antunes inauguram a obra e o eixo I com uma análise histórica do significado de suicídio e seus correlatos, desde a Antiguidade à Era Moderna. O segundo artigo foi escrito por Thiago Bloss, que advoga a concepção do comportamento suicida a partir do estatuto do sofrimento político, evidenciando a vinculação entre o fenômeno e a violência estrutural. Eu (Luana Lima) prossigo o debate bioético político do suicídio privilegiando os processos de subjetivação face às dinâmicas coloniais e suas (des)continuidades com o neoliberalismo. Questionando as políticas e processos dominantes modernos coloniais e individuais, Wanderson Flor do Nascimento apresenta como os saberes produzidos pelos terreiros de candomblé podem ampliar as ferramentas para o enfrentamento do suicídio no Brasil, especialmente por via da coletivização do cuidado. Paulo Vitor Palma Navasconi, que também interpela a produção do conhecimento preponderante, especialmente a ontologia colonial, abre o segundo eixo temático, dando visibilidade às vozes e narrativas silenciadas de corpos negros Lésbicos, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais, Queers, Intersexuais, Assexuais (LGBTTQIA+) marcados para morrer. Felipe de Baére e Valeska Zanello, da mesma forma, partem do pressuposto dos marcadores sociais como categorias fundamentais para pesquisas no campo da saúde e, assim, evidenciam o gênero e sexualidade como dimensões constitutivas da subjetividade. A partir de histórias de vida, os autores testemunham que o desejo de morrer se manifesta como ápice de um sofrimento psíquico vivido pelo não enquadramento aos padrões normativos. Em convergência argumentativa, Elis Cornejo, Juliana Santiago e Moana Brasil, através da atuação com grupo de apoio aos sobreviventes enlutados por suicídio, refletem de que modo as implicações de gênero incidem sobre o luto materno pelo suicídio. O último capítulo a compor o segundo eixo é de Cecília Minayo, que explora o comportamento suicida evidenciando os riscos e peculiaridades do fenômeno entre a população idosa. O terceiro núcleo inicia-se com um texto de Maelison Neves e Wanderlei Pignati, cuja pesquisa apresentada contemplou a análise de tentativas de suicídio em municípios produtores do agronegócio em Mato Grosso – regiões caracterizadas pela alta incidência de suicídios entre trabalhadores agrícolas e indígenas. Karina Neville, por sua vez, abaliza sua escrita a partir da sua atuação institucional e como praticante da psicanálise versando sobre o ato suicida do sujeito adolescente acolhido em contexto hospitalar. Avimar Ferreira Júnior e Marcos Emanoel Pereira exploram as Tecnologias de Informação e Comunicação – espaços de sociabilidade, discursos e expressividades coletivas e individuais – e a relação com o fenômeno da autoviolência, principalmente o suicídio e autoferimento. Por fim, o livro finda com o capítulo de Thiago Nagafuchi, um ensaio meta-acadêmico que costura um descolamento epistemológico a questionamentos da formação de um pesquisador, com ponderações sobre o processo de pesquisa acerca do suicídio e as memórias do mesmo.
Esse roteiro, que não dá conta de toda a complexidade e multidimensionalidade temática, foi uma montagem de tópicos, saberes e narrativas encadeadas que consideramos essencial, de um lado, para uma denúncia do poder epistemológico e, de outro, para avanço ético e político em suicidologia.
Edufba: O que você identificou como principais causas e fatores psicossociais que contribuem para o suicídio, com base em sua pesquisa?
LL: De partida, recupero o único consenso da suicidologia: o suicídio é multifatorial. Dito isso, podemos falar em uma rede complexa de fatores de risco, fatores precipitantes, fatores psicossociais, etc. A Organização Mundial da Saúde (2019) abaliza os fatores de risco contemplando: a) os sistemas de saúde, em especial, barreiras no acesso ao cuidado; b) questões sociais, como associação do comportamento suicida ao estigma e acesso aos meios letais; c) questões comunitárias, como guerras, traumas e discriminação; d) relações afetivas, como conflitos ou ausência de suporte; e) fatores individuais, como tentativa de suicídio anterior, perdas por suicídio, transtornos mentais, etc. Podemos demarcar ainda, doenças crônicas incapacitantes, situações de abuso, dificuldades financeiras, desemprego, dificuldades de avanço nas políticas públicas, violências diversas, como racismo e LGBTQIAPN+fobia, que refletem, entre outras coisas, a dimensão sociopolítica do sofrimento. Podemos dizer, em suma, que o suicídio se localiza entre os processos de subjetivação, sempre singulares e, as condições sociopolíticas ofertadas ao sujeito em sofrimento.
Edufba: Como você descreveria a abordagem hegemônica atual em relação ao suicídio e por que a considera problemática?
LL: A abordagem hegemônica corresponde à patologização do ato suicida, uma explicação e/ou correlação oriunda da medicina desde os séculos XVIII e XIX. Com destaque para os casos de depressão, esquizofrenia, alcoolismo e bipolaridade, delineiam-se estatísticas que associam transtornos mentais em 90 a 98% dos casos de suicídio. As pesquisas referidas obstruem o argumento da multifatorialidade, consensual na suicidologia e, têm ressonâncias significativas na escolha das estratégias de enfrentamento ao suicídio. Como aponta Fernanda Marquetti, prefaciadora do livro, o evento suicida deixou de ser um fenômeno imerso na vida cotidiana para ser enclausurado pelo discurso psiquiátrico. Dentre os efeitos desse processo histórico-cultural, a perda das narrativas de sofrimento, que foram suprimidas, reduzidas e/ou transformadas em anamneses, manifestações codificadas em sintomas, a diagnósticos psicopatológicos, sem subjetividade – uma redoma construída por discursos rígidos e impermeáveis à interlocução. Essa perspectiva tem, entre as suas repercussões, o “perigo” de afirmar a condição de sofrimento do indivíduo com comportamento, risco e tentativa de suicídio como reflexo restrito de fracasso e/ou adoecimento individual. A intervenção elegida para com estes sujeitos tem respondido de modo restrito à adaptação do desempenho, juízo e comportamento, sem consideração das influências sociais, incluindo as demandas e intenções do projeto político. Assim, o suicídio como objeto de estudo e intervenção da saúde mental é concebido, prioritariamente, por uma abordagem patologizante, preventivista e individual. Nesse sentido, é importante dizer: restringir a interpretação do ao suicida é também restringir os modos de cuidados às pessoas em sofrimento. A gente precisa se perguntar: a serviço de quem está a suicidologia acrítica? Eu, o nosso coletivo, refuga essa hipótese hegemônica: reconhecemos os transtornos mentais como fatores de risco, mas compreendemos o suicídio a partir de uma perspectiva relacional e política. Há um autor da antropologia do suicídio, James Staples, que tem pra mim, a melhor definição do fenômeno; ele afirma o ato suicida como análogo a uma dança, que envolve duas ou mais pessoas interconectadas, em passos particulares e movimentos dinâmicos sociais, culturais e afetivos. Todes têm papéis a desempenhar, são agentes com capacidade de improvisação frente às coreografias da violência; as performances são espelhadas, ou seja, os movimentos de um dançarino também respondem aos de seu(s) parceiro(s). É nesse emaranhado e coreografia complexa de histórias de vida, agentes, políticas de afeto, condenações morais, religiosas e estigmatizantes, políticas públicas de saúde (em seu fortalecimento ou em suas fragilidades), senso comunitário ou de pertencimento (ou a ausência/precarização deles), contextos, conjunturas, interseccionalidade, pluralidade de existências, etc., que podemos compreender esse tipo de morte e avançarmos em ações efetivas em prevenção do suicídio.
Edufba:Na sua opinião, de que forma a interseccionalidade pode ajudar a compreender melhor o fenômeno do suicídio e a considerar as opressões e desigualdades que afetam determinados grupos sociais?
LL: Vou pedir licença e compartilhar alguns dados epidemiológicos. De acordo com o último relatório temático e estatístico da Organização Mundial de Saúde (OMS, 2019), mais de 700.000 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos no mundo. Entre 2010 e 2016, a taxa global de ocorrências diminuiu 9,8%, com reduções que variam de 19,6% na região do Pacífico Ocidental a 4,2% na região do Sudeste Asiático. O único aumento ocorreu na Região das Américas, com acréscimo de 6% no mesmo período (OMS, 2019). 79% da carga global de suicídios ocorrem em países de baixa e média renda; se designados os jovens, esses dados crescem para 90% (OMS, 2019). No Brasil as notificações de tentativas de suicídio estão concentradas na população com idade economicamente ativa, no entanto, a maior proporção ocorreu entre as pessoas que estavam desempregadas (BRASIL, 2019). Em território nacional, as diferenças étnicas raciais apresentam dados alarmantes: a taxa geral padronizada da população indígena é três vezes maior do que a população geral brasileira não indígena. Em 2016 o risco de suicídio entre jovens negros foi 45% maior quando comparado aos jovens brancos (BRASIL, 2018). No que tange à identidade de gênero e orientação sexual “dissidentes”, os dados nacionais são raros, em especial pela invisibilidade desses marcadores nas fichas de notificação. [...] Com evidências internacionais, compreende-se uma chance aumentada de suicidio entre não heterossexuais e pessoas transgêneras, a exemplo de duas pesquisas norte americanas: 1) em uma amostra de 30 mil participantes, observou-se que a propensão ao suicídio entre heterossexuais foi de 4% enquanto a de não heterossexuais foi de 20% (HATZENBUEHLER, 2011); e 2) ao longo da vida, 1,6% de pessoas cisgêneras tentaram suicídio, enquanto 41% das pessoas transgêneras atentaram contra a própria vida (GRANT ET AL., 2010). As opressões intercruzadas e os fatores de risco ignorados e/ou encobertos podem ser vislumbrados, igualmente, no marcador da idade, cujos idosos e jovens compõem grupos de altos índices de suicídio. O suicídio é a 2ª causa de morte mundial entre pessoas de 15 a 29 anos (OMS, 2019). Apesar dos dados alarmantes em diversas sociedades do mundo, o suicídio entre os idosos sofre um grave apagamento, seja por serem vidas consideradas de menor valor, descartáveis ou inúteis dentro da lógica neoliberal, seja por métodos encobertos, cuja intenção pode ser mascarada em função das medicações e problemas de saúde, próprios do processo do envelhecimento. Conforme notado nas estatísticas citadas, invisibilizadas na suicidologia hegemônica, os grupos vulnerabilizados parecem carregar a morte como expectativa de vida. Essas zonas de exclusão e mortificação, que compõem a interface entre o suicídio e a interseccionalidade, denunciam não apenas a escala ontológica que repousa nos modos de vida vigentes, mas também parecem denunciar, um mundo que não produz desejo de vida nos viventes.
Edufba:Como você vê o papel das políticas públicas na prevenção do suicídio e na promoção da saúde mental? Quais são as mudanças necessárias nesse sentido?
LL: As políticas públicas são essenciais. Desde uma dimensão relacional e coletiva, não há efetividade na prevenção do fenômeno e cuidado às pessoas e comunidade(s) sem o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), sem políticas de bem-estar, seguridade social, educação, emprego e renda, redução da(s) desigualdade(s), qualidade de vida e promoção de vida digna. A garantia de direitos humanos e sociais e das políticas públicas é pressuposto da defesa da vida. Compreende-se, como parte desse compromisso ético-político, a necessidade de políticas específicas em saúde mental de base emancipatória, anticolonial e antimanicomial. No que tange nomeadamente à temática do suicídio, temos como referência as Diretrizes Nacionais de Prevenção do Suicídio de 2012 e a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio de 2019, ainda sem um plano correspondente. É um cenário fragilizado. Dentre alguns problemas das práxis em saúde, que se somam em tabus, estigmas morais, estigmatizantes e religiosos acerca do ato suicida, há, apesar da notificação compulsória, uma fissura nos registros, orientadas sobretudo, pela cisheteronormatividade e a brancura como universal. A invisibilidade dos marcadores, de um lado, oculta as violências experienciadas pelos grupos vulnerabilizados, de outro, impede que fatores sejam revelados nos registros epidemiológicos e, consequentemente, limitem as ações, intervenções e políticas de prevenção. É imprescindível ainda, investir em processos de sensibilização, capacitação e qualificação dos profissionais de toda a Rede – informal e formal de saúde (assim como da educação, segurança pública, desenvolvimento e planejamento urbano, etc.). A articulação das Redes, em seus diferentes níveis de complexidade, é um pressuposto para garantir às pessoas em sofrimento psíquico o atendimento integral e longitudinal no território, que podem impactar de maneira significativa sobre a ocorrência de suicídios.
Edufba: Em sua opinião, qual é o potencial transformador do livro "(Re)pensando o suicídio: subjetividades, interseccionalidade e saberes pluriepistêmicos" na compreensão e no enfrentamento do suicídio?
LL: Acho que essa coletânea é uma compilação de trabalhos em perspectivas críticas e contra hegemônicas que põem o suicídio em um campo político de disputa, inclusive discursivo. No exercício de desconstrução e reconstrução de paradigmas, significados, percepções, interpretações e condições, etc., acerca do fenômeno, abaliza-se como os poderes, as operações de violências e os modos mortificantes de viver constituem processos de subjetivação, formas de socialização, determinantes sociais da saúde, gestões da vida e da morte. A negação de respostas universais e a visibilidade de ferramentas de compreensão – lacunas da interface do suicídio e da saúde pública – como o epistemicídio, a colonialidade da vida, o racismo, a cisheteronormatividade, capacitismo, desigualdade social e econômica – se desdobra em outras categorias analíticas, outros modos de intervenção e atuação em suicidologia. Eu diria ainda que esse livro é, ainda, um exercício de provocação e do pensamento que se vale dos paradigmas históricos, políticos, epistemológicos e éticos para indagar o passado, tensionar o presente e esperançar um futuro menos desigual, mais plural, justo e digno de ser vivido.
Edufba: Finalizando a nossa entrevista, que mensagem gostaria de deixar para os seus leitores e leitoras?
LL: Eu gostaria de ratificar que a prevenção do suicídio sem promoção e produção da vida está fadada ao fracasso. Nilson Netto, autor do primeiro capítulo da coletânea, afirma que a prevenção do suicídio deve considerar a urgente necessidade de dar condições aos indivíduos de refletir sobre a realidade, ter ferramentas para movimentar-se, tomar decisões e transformar a realidade. É isso, essa possibilidade de algum controle sobre a própria vida e escolhas é uma tarefa que se faz no coletivo, como ensinado por Paulo Freire. Essa perspectiva, para além de viabilizar o estatuto da emancipação, conduz a cenários de saúde. Nesse sentido, diante de experiências tão mortificantes do nosso tempo, a luta ativa pela vida deve ser notadamente amparada, por um lado, pelas políticas públicas – com o compromisso de ações continuadas que não apenas no setembro amarelo – e, de outro, pela aposta do comunal, no suporte coletivo, na responsabilidade comunitária. A defesa da vida interdepende, profundamente trabalhada por Wanderson Flor do Nascimento no capítulo 4, é abordada por Sueli Carneiro em sua brilhante tese: ela defende o cuidado de si como um cuidado com o outro, seiva da resistência e da esperança. A relação comunitária aparece como ethos da sobrevivência, que engloba desde estratégias preventivas às curativas. A partir do momento em que compreendermos que o tema é uma questão de todes nós e que podemos, na escuta, interlocução, cuidado e luta ressignificarmos e atravessarmos vivências radicais de sofrimento, podemos ampliar as possibilidades da vida e do viver. Acho que é isso... Muito obrigada!
(Re)pensando o suicídio: subjetividades, interseccionalidade e saberes pluriepistêmicos
A obra tem o suicídio como temática central e estrutura-se sob o seguinte tripé: “Leituras críticas à colonialidade e epistemologias contra-hegemônicas”; “Interseccionalidade e populações vulnerabilizadas”; e “Formação, espaços e práticas profissionais”. Privilegiando abordagens insurgentes, o livro se ancora sob pesquisas e questões de gênero, raça, classe, orientação sexual, saberes afro-brasileiros e espaços como hospital, internet e regiões produtivas do agronegócio, sob as lentes da epidemiologia crítica, filosofia, bioética, religião e política.