Edufba lança livro sobre religião e éticas na contemporaneidade
Como a religiosidade influencia a maneira como as pessoas avaliam o que está ao seu redor? Essa é a pergunta que 17 autoras(es) buscam responder em Religião e cenas morais: modos religiosos de ler e habitar o mundo, livro que será lançado pela Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) às 18h30 do dia 7 de agosto, no Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC).
No evento, os organizadores da obra, Leandro de Paula e Hannah Bellini, do LOGIN – Grupo de Pesquisa em Cultura, Política, Lógicas Identitárias e Produtivas, da UFBA, recebem as antropólogas Carly Machado (Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro) e Maya Mayblin (Universidade de Edimburgo), que assinam capítulos do livro. Em pauta na conversa foram as formas encontradas por universos religiosos diferentes para que seus adeptos cultivem, recusem ou negociem certas atitudes morais.
O livro reúne 12 capítulos que buscam investigar a forma pela qual as práticas religiosas produzem formas de interpretar a realidade e justificar condutas de acordo com crenças e valores, ou seja, éticas. A obra traz um mapeamento diverso, apontando diferentes estilos de devoção, pertencimento e interação com o mundo ao redor: estão representadas religiosidades afro-indígenas, católicas, evangélicas e islâmicas. Esse mosaico traz também atenção a marcadores sociais da diferença que condicionam o pertencimento a segmentos religiosos, incluindo questões interseccionais de gênero, sexualidade, raça e território.
“Tentamos alcançar então uma representatividade mínima do heterogêneo campo religioso, ainda que quase metade da coletânea se dedique à investigação de grupos pentecostais ou protestantes, um termômetro da atenção que tem convergido sobre esse amplo nicho religioso no país hoje”, pontua Leandro de Paula na introdução ao livro.
Segundo dados do Censo 2022, divulgados no dia 4 de julho, embora católicos ainda sejam maioria populacional, os 56,7% são um número em declínio contra os 65,1% no Censo de 2010. A população evangélica, por outro lado, teve um aumento de 61% sobre os 16 milhões que representavam no censo anterior. Atualmente, com 26,9%, um a cada quatro brasileiros é evangélico. Os fenômenos decorrentes estão bem documentados no livro.
Capítulos como “‘Uma religião lógica’: sensibilidades religiosas e seculares na conversão de mulheres baianas ao islã” ou “Institucionalização e mediação: uma reflexão sobre a transmissão de saberes tradicionais nas práticas de benzimento” chamam atenção por abordar realidades que não são presentes no dia a dia de todos, mas os capítulos sobre grupos pentecostais e protestantes investigam a fundo fenômenos diluídos no dia a dia: “O som da queda: reflexões sobre a música gospel e o pentecostalismo das periferias urbanas brasileiras"; “Não é sobre religião, é sobre Deus”: televangelismo e cultura terapêutica no YouTube; “‘Cristão não vota em comunista’: extrema-direita, cristianismo e Telegram nas eleições de 2022 no Brasil”; “‘Apesar de ser gospel, é música’: a experiência de dano moral de evangélicos em disputa pela Lei Rouanet”.
O livro será lançado também no dia 6/8, na XV Reunião de Antropologia do Mercosul, a partir das 20h.