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Luis Henrique Dias Tavares

“Abdicação e Pedro I: derrota do absolutismo”, “Nas margens, no leito seco” e “História da Bahia”. Hoje, 25 de janeiro, Luis Henrique Dias Tavares completa seu 90º aniversário e o “Espaço do Autor” presta sua homenagem resgatando uma entrevista feita com o autor em 2009. Com 90 anos de vida e mais de 60 desde sua entrada na academia, Luis Henrique Dias Tavares possui uma extensa e rica bibliografia: são 27 obras que transitam pela historiografia e pela ficção. Com livros publicados pela Edufba e outras editoras, o historiador, nascido no ano de 1926 em Nazaré, a 216km de Salvador, dedicou boa parte de sua carreira à história da Bahia, onde ainda vive. Luis Henrique Dias Tavares é doutor em História do Brasil e Professor Emérito da Universidade Federal da Bahia. É também o atual titular da Cadeira I da Academia de Letras da Bahia. Carrega ainda diversos outros títulos, como os de Professor Honoris Causa da Universidade Estadual da Bahia, Sócio Emérito do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, Sócio Emérito do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e Sócio Emérito da Academia Portuguesa da História. Apesar de o enorme reconhecimento na área de História da Bahia, esse personagem tem uma trajetória que vai além deste campo do conhecimento.

João Bertonie e Mariana Trindade

Como foi o início da sua trajetória? Comecei muito jovem, primeiro fundando, com o inesquecível colega Clóvis Neiva Naya, na cidade de Nazaré, o jornal que se chamou Parlapatão. Foi a nossa primeira atividade, o primeiro treino jornalístico. Em seguida, tive uma experiência no teatro, tinha apenas 16 anos quando conheci o Teatro de Estudantes da Bahia – TEB. O Teatro de Estudantes da Bahia, uma iniciativa dos estudantes da Faculdade de Medicina, entre os quais se destacava Heron de Alencar e José Pedro da Cruz Filho. Estive com eles um período e cheguei a representar no antigo palco do Cine-teatro Jandaia, que era um grande centro de cinema e também de teatro. Depois do teatro, o senhor voltou ao jornalismo? Depois dessa experiência no teatro, que tenho lembranças, eu fui conhecer o jornalismo de verdade. Fui convidado, porque sabiam que no Colégio da Bahia eu era um bom estudante de português e pela minha facilidade de redação, para trabalhar no jornal O Momento. Naquele tempo, ainda sem sede, instalado na Tipografia Vitória, comecei a ser jornalista sob as lições de João Batista de Lima e Silva e Alberto Leal Vita, grandes amigos. Esse semanário foi conhecido como uma iniciativa do Partido Comunista, na época ainda ilegal, quando foi parte da luta não só pela participação do Brasil na guerra contra o nazi-facismo, como, também, na luta pela democracia, pelo fim da ditadura de Getúlio Vargas. Essa luta perdurou até o fim da Segunda Guerra, que culminou no fim do Estado Novo. O Partido Comunista se tornou legal, além de outros partidos que surgiram para eleger a Assembleia Constituinte. O que o senhor destaca na sua obra? A minha obra é mais voltada para história e para literatura. O livro Historia da Bahia, de 1959, teve uma excelente divulgação na sala de aula, não como imposição, mas como auxílio aos professores. Um texto aceito pela sua apresentação e pelo desenvolvimento dos acontecimentos históricos no estado. Na literatura, quando era cronista no Jornal da Bahia, era responsável por uma seção chamada “Cidade, Homens e Bichos”. Essas crônicas, que saiam na terça, quinta e no sábado, também obtiveram excelente repercussão. (Nos dias pares, o jornal publicava as crônicas de Vasconcelos Maia). O grande Jorge Amado selecionou as que considerava melhores para, por iniciativa própria, publicar na sua editora em São Paulo, a Editora Martins, uma obra literária. Foi meu primeiro livro de crônicas, cujo título era Moça Sozinha na Sala. Depois seguiram outros livros, inclusive três novelas. Uma delas condenava a Ditadura, outra falava sobre a amizade e o amor e, uma última, que condenava a exploração sexual infantil. Se o senhor voltasse a escrever, pensa em alguma temática recorrente? Atualmente não estou em condições de voltar, mas estou com uma novela parada há seis meses, graças a problemas de saúde. Caso estivesse em condições, voltaria ao tema sobre o tráfico de escravos. É um livro que está incompleto, pois a ocasião em que foi publicado, a editora responsável não publicou o livro inteiro. Tenho ainda publicações provenientes de pesquisas no exterior. Mas tenho que viver a atualidade e nela não tenho condições de prosseguir nesses projetos que estão parados. O professor gostaria de deixar alguma palavra para a EDUFBA? A EDUFBA é a nossa editora, a amada editora da Universidade Federal da Bahia. Uma editora com uma história não pequena, que possui como diretora uma pessoa decidida e capaz, a nossa querida Flávia. Tem uma quantidade de publicações respeitável. Sou muito feliz por ter minha 11ª edição de História da Bahia, publicada pela EDUFBA, resultado do trabalho que realizei para rever essas pesquisas e que agora se encontra nas livrarias. Um grande abraço a todos.

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