Edufba convida para lançamento da Coleção Euclides Neto
A Editora da Universidade Federal da Bahia (Edufba) convida para o lançamento da Coleção Euclides Neto, que será realizado no dia 3 de novembro, às 18h, no Palácio da Reitoria. O evento traz nova edição da obra completa do escritor baiano. Na ocasião, 13 livros serão lançados, o que e inclui romances, contos, relatos, crônicas, dicionário e novela.
Com um acervo literário rico em valores históricos e culturais, a Coleção Euclides Neto desbrava a região cacaueira da Bahia, sendo um inventário da cultura local.
Conheça as obras que integram a Coleção:
Serviço:
O quê: Lançamento da Coleção Euclides Neto
Quando: 3 de novembro de 2014
Horário: 18h
Onde: Palácio da Reitoria, Sala dos Conselhos Superiores da Reitoria da UFBA.
Endereço: Rua Augusto Viana, s/n, Canela. Salvador-BA
Birimbau
O romance descreve a vida de trabalhadores rurais durante a colonização cacaueira do sul da Bahia. Relatando a exploração e a vivência desses nativos, Birimbau consolida-se como uma obra constritiva e enriquecedora por ser uma amostra do cenário de exploração econômica do trabalho que pode ser aplicada à realidade atual. Registrado de forma poética, o livro inclui canções populares regionais e tem uma escrita rica em variantes linguísticas.
Vida morta
Com forte inspiração autobiográfica, Vida morta é um romance repleto de questionamentos de teor ideológico. Tendo como protagonista um jovem que cursava Direito em uma faculdade predominantemente burguesa e era membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), o livro narra conflitos de questões econômicas e existenciais. Com uma ambiência transgressora, a obra expõe a desesperança e a amargura de uma juventude que envelhecia, sendo intitulado pelo próprio autor como um romance da mocidade.
Os magros
O romance faz dois recortes da sociedade rural em seu aspecto econômico: de um lado a pobreza e a indigência do camponês, simbolizado pelos magros; do outro, uma vida burguesa de quem era proprietário de terra, ilustrado pelos gordos. Portanto, Os magros aborda as divergências de classes que estão iconicamente separadas. Escrito há mais de meio século a obra ainda hoje tem fluência e validade e, por isso, configura-se com grande importância, sendo passível de releitura.
O patrão
Carregado de denúncia social, mas sem sobrepor a ideologia à arte, a literatura narra o relacionamento de um vaqueiro e um patrão no meio rural de Ipiaú. Com certo caráter moral, a obra evidencia a impotência do mal e a fragilidade da ambição desenfreada. O patrão, considerado conto, novela, romance, ou tolo depoimento de acontecimentos pelo próprio autor, é um livro que revela com metáforas, injustiças dignas de clamor.
Comercinho do Poço Fundo
Mesclando estórias bem-humoradas e passagens de grande sensibilidade, Comercinho do Poço Fundo aborda com exatidão as condições de vida dos trabalhadores regionais e a desvalorização do seu trabalho. Vítimas de perseguições pelos poderosos da terra, os personagens do livro retratam com verossimilhança os destinos maltraçados daqueles que têm sua força de trabalho explorada. De forma poética, a obra faz um levantamento realista sobre a marginalização do interior brasileiro.
Os genros
A novela é composta de diversos contos sobre as relações familiares e socioeconômicas que norteiam a zona do cacau. Repleto de sátira e humor, Os genros descreve casos corriqueiros e costumes locais através de relatos de situações ora vulgares, ora amorosas. Abordando tipos consagrados de genros, desde os operosos trabalhadores aos oportunistas encrenqueiros, o autor demonstra conhecer com propriedade o seu povo, sua cultura e região.
64: um prefeito, a revolução e os jumentos
Caracterizando-se como uma obra memorialista, 64: um prefeito, a revolução e os jumentos relata a experiência de Euclides Neto à frente da prefeitura de Ipiaú entre 1963 e 1967, testemunhando, portanto, o golpe de 64. Com uma administração de caráter utópico, o prefeito instaura no município um espírito comunitário e modernizador, que acaba por projetar nacionalmente Ipiaú como modelo de município. Mesclando testemunho e memória; história e literatura; oralidade e escrita, a obra se constitui como um esboço da sociologia sertaneja.
Machombongo
Sendo um relato sobre a trajetória de um ignorante e colérico poderoso do sertão baiano, Machombongo descreve os desmandos de um deputado, fazendeiro de cacau e gado, que amplia seu império após a ditadura de 64 e passa a ter grande influência na vida dos habitantes de sua região. Um romance que denuncia o estado de miséria das populações pobres e as desigualdades e injustiças sociais, certamente carrega um lastro sociológico e sai do romanesco para adentrar no território das ciências sociais e políticas.
O menino traquino
Sendo uma obra de crônicas políticas e crônicas leves, O menino traquino descreve as mazelas da pobre gente brasileira, especialmente do Nordeste. Se alicerçando em toda a experiência e conhecimento do autor sobre a vida política e social, o livro tem seu ponto central em reflexões, denúncias, conselhos e conclusão do cronista sobre os fatos que causam a miséria dos trabalhadores do campo.
A Enxada
O romance, de escrita simples e repleta de diálogos ricos em variantes linguísticas, tem como referencial simbólico a força da enxada e associa a superação da protagonista, figura feminina da zona rural, a este instrumento de trabalho típico do lavrador. A Enxada é uma narrativa que aborda o antagonismo entre o rural e o urbano, valorizando o trabalho e a vida no campo. Rico em valores históricos, geográficos e cotidianos, o livro é um inventário da cultura local da zona rural baiana.
Dicionareco
A obra é um dicionário de sociolinguística do sul da Bahia, uma região marcada por roças de cacau e gado. Resgatando o linguajar rural dos trabalhadores desse local, o Dicionareco tem seus étimos extraídos de obras de grandes escritores baianos e, portanto, torna legítima uma variação linguística tão rica que merece ser compartilhada. Suscitando novas teorias etimológicas, sociais, humanísticas e efetivas, o livro não é só um dicionário, mas uma preservação de memória do sul baiano.
Trilhas da Reforma Agrária
A obra é um relato sobre a participação de Euclides Neto à frente da Secretaria de Reforma Agrária da Bahia, Cooperativismo e Irrigação, na década de 1980. Trilhas da Reforma Agrária contém depoimentos que são fruto do contato diário do autor com trabalhadores rurais, registrando suas queixas devido à falta de assistência e a indiferença aos mesmos. Sendo um acúmulo de conhecimentos, experiências e convivências com lutas populares, o livro é considerado um legado para a sociedade.
O tempo é chegado
O livro de contos com narrativas ora dramáticas, ora trágicas, aborda os conflitos do sertão baiano. Consequentes do esvaziamento econômico da lavoura cacaueira após o advento da doença vassoura de bruxa, tais desordens geraram desigualdades que perduram até hoje. O tempo é chegado serve como testemunho das consequências tristes causadas pela pobreza inesperada de quem vivia nessas regiões.